Do dia pra noite a Dobra se reinventou! Ao perceber impactos do Covid-19, a
marca deixou de lado seus produtos e ofereceu uma série de conteúdos para
seus clientes. Resultado: mas de 15 mil seguidores em duas semanas e um
reposicionamento de mercado.
Criada em março de 2016 sob os conceitos relacionados a nova economia,
capitalismo consciente, futuro do trabalho, revoluções pós digitais, a marca
é uma revolução. O que pretende com isso? Ser o futuro.
Nossa designer e consultora do Inspiramais Julia Webber conversou com os
fundadores Augusto Massena, Guilherme Massena e Eduardo Hommerding. Abaixo
confiram a entrevista completa. Vale cada linha!
A
Dobra já nasce tendo um modelo de negócio fora do comum. Qual é esse modelo?
Como a criatividade está aqui relacionada?
Quando a gente criou a dobra lá em março de 2016 já estávamos
em contato com conceitos relacionados a nova economia, capitalismo
consciente, futuro do trabalho, revoluções pós digitais e todas essas
loucuras relacionadas ao presente/futuro. Com isso a gente entendeu que não
adiantava começarmos um negócio usando lógicas antigas para um cenário de
mudanças drásticas e rápidas. Portanto, em resumo, o modelo da dobra é de uma
empresa que entende que o sucesso não é única e exclusivamente o financeiro,
mas também o quão felizes são as pessoas que trabalham conosco, quantas
pessoas conseguimos impactar com nosso trabalho, quais projetos tiramos do
papel e por aí vai. Para isso temos um propósito claro de tornar o mundo um
lugar mais aberto, irreverente e do bem, e fazemos isso hoje vendendo
produtos feitos de "papel". Dentro do modelo da dobra seguimos os
conceitos já citados acima, bem como economia circular (programa de
reciclagem dos produtos, por exemplo) e economia colaborativa (artes enviadas
por qualquer pessoa que recebem comissão sob cada venda).
Por não termos hierarquia imposta por cargos como analista, gerente ou
diretor, as pessoas precisar ter um alinhamento interno muito grande para
poder usar sua criatividade e criar soluções que alcancem o nosso propósito e
os nossos compromissos sociais, bem como tragam oxigênio (lucro) para a
empresa.
Por que sentiram a necessidade de ter outro modelo de negócios e relações de
trabalho? Isso está sendo um diferencial nesse momento?
Sentimos essa necessidade justamente por entender que se
querermos ter uma empresa conectada com os tempos em que estamos vivendo e
com os que virão, precisávamos entender os conceitos relacionados a isso e
aplicar. Não adiantaria estudar a teoria de administração ou os 4 (ou 5 ou 6
ou 1000, sei lá) do marketing e começar um negócio. Não dava pra fazer isso
em 2016. Muito menos em 2020.
Que oportunidades vocês veem no momento atual?
É bem complicado o momento que a gente tá vivendo e sabemos
que infelizmente muitas empresas vão ficar pelo caminho - seja pelo tipo de
mercado que atuam, seja pela falta de gestão, mas acredito que principalmente
por estarem desconectadas (ou céticas) quanto aos novos modelos de negócio
que estão sendo criados. Algumas pessoas chamam o momento de "darwinismo
profissional" e que as pessoas estão sendo forçadas a se reinventarem
nesse momento de crise, já que não se reinventaram antes.
Mas vendo o lado bom talvez seja o momento dessas empresas se entenderem como
um conjunto de pessoas e se conectarem com as suas verdades pois é com isso
que seus clientes vão se conectar depois (sejam eles indústrias ou marcas).
inclusive, é uma boa oportunidade dar uma olhada no estudo Empresas
Humanizadas, lançado recentemente no Brasil que fala sobre os grandes
resultados que empresas que colocam outros fatores que não econômicos como
fatores de sucesso passaram a obter após entender essa nova economia.
Falando da Dobra, em específico, a gente percebeu que tem muito potencial em
conectar pessoas e negócios com a nossa comunidade e inspirar pessoas a
mudarem as suas realidades a partir de algo que nunca foi nossa
especialidade: conteúdo.
A Dobra rapidamente mudou seu posicionamento com o surgimento
da pandemia. Qual foi essa mudança, por que ela aconteceu e por que tão
rapidamente?
A
gente mudou literalmente da noite pro dia. Foi muito louco. Identificamos que
as vendas dos produtos estavam caindo muito nas duas semanas pré-estouro da
pandemia no Brasil, e no início achávamos que era problema com performance de
anúncios ou incompetência nossa mesmo. mas não. Logo percebemos que itens de
desejo (que é o que vendemos) estava indo pra último lugar na lista de
prioridades visto que havia uma ameaça do coronavírus estourar no Brasil a
qualquer momento. A partir disso, entendemos que de nada adiantaríamos ficar
forçando venda se as pessoas estavam preocupadas com sua saúde, seu trabalho,
seu futuro. Entendemos que precisávamos agregar valor à vida delas e pra
variar nosso propósito falou mais alto. Entendemos que por termos uma
organização financeira boa, poderíamos abrir mão de receita num primeiro
momento para levar conteúdo gratuito para as pessoas que estavam começando a
ficar em casa sem muita coisa pra fazer. de maneira muito rápida lançamos o
Dobraflix e deixamos todos os produtos de lado no site. Também liberamos
gratuitamente o nosso curso e já contamos com mais de 15 mil alunos em duas
semanas. A partir disso procuramos alguns parceiros que colocaram seus vídeos
e cursos na nossa plataforma e levamos temas como empreendedorismo,
futurismo, psicologia, educação financeira para as pessoas que acompanhavam a
Dobra. Está sendo incrível! A receita obviamente não está vindo, mas a
conexão com as pessoas está cada vez mais forte e é isso que garante nossa
sobrevivência no futuro.
Em momentos de mudanças, muitas pessoas se apegam a valores
seguros. Quais são os valores seguros da marca?
A
gente tem muito claro o propósito de deixar o mundo mais aberto, irreverente
e do bem e é isso que nos guia. nunca paramos para escrever quais são os
valores da Dobra, mas certamente dentre eles estão: transparência, impacto
positivo e respeito às pessoas.
Qual o propósito da Dobra e para que é preciso ter um
propósito?
Já
citei o propósito várias vezes, mas para gente isso não é problema: deixar o
mundo mais aberto, irreverente e do bem. Ele é de extrema importância pois é
nosso guia, é nossa essência, é aquilo que é base para qualquer tomada de
decisão. Se o propósito de uma empresa é reduzir custo e aumentar receita,
certamente nesse período ela está passando trabalho. Por outro lado, as
empresas que tem claro na sua mente o porquê fazem o que fazem, com certeza
já encontraram outros meios de entregar esse “por quê” nesse momento louco.
ou estão chegando lá!
Marcas com propósito e relacionamentos pessoais com os
consumidores criam verdadeiras comunidades. Como é a comunidade da Dobra e o
que ajuda em momentos como esse de mudanças ter um relacionamento assim com
os consumidores?
A Dobra
é formada por uma comunidade de pessoas muito engajadas em transformar o
mundo a sua volta, são pessoas inquietas que lutam por aquilo que querem. Como
nossa relação com nossos clientes sempre foi muito honesta, transparente e
"amigável", a galera está nos ajudando muito nesse momento! Alguns
exemplos: comprando os produtos mesmo sabendo que nossa produção está parada;
fazendo o curso e pagando o valor que podem; compartilhando o Dobraflix nas
suas redes; enfim, essas são maneiras que mantém a dobra com certa saúde
financeira e aumentam o valor de marca. As pessoas amaram o nosso
posicionamento perante a crise, compraram a ideai e estão cobrando que outras
empresas também tomem providências. Nossa relação está cada vez mais forte!
Que tipo de conteúdo vocês estão produzindo nesse momento?
Colocamos
textos sobre a atual crise e alguns aprendizados que estamos tendo; sobre
ansiedade; coisas engraçadas sobre o mundo dos negócios; mas principalmente
conseguimos muitos parceiros legais como: Warren, Aeroli.to, WTF! School,
Murilo Gun, Alster, Gabriel Carneiro Costa e vários outros muito legais que vocês
podem conferir aqui: dobra.cc
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